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Baixo nível de rios e barragens preocupa na região

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Barragem DNOS em Santa Maria

Além de prejudicar a agricultura, a estiagem também deixa marcas profundas nos rios da Região Central. A seca, que já se estende por mais de quatro meses, está transformando o visual do Balneário Passo do Verde em Santa Maria. Quem chega no local se depara com uma grande área assoreada, que antes estava submersa pela água. Por lá, o Rio Vacacaí está abaixo do normal.


De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Santa Maria, Adão Lemos, os moradores do Distrito do Passo do Verde recebem água em caminhão-pipa, pelo menos, uma vez por semana. Também são atendidas famílias dos distritos de Arroio do Só, Santa Flora, São Valentim, Boca do Monte e Palma. No total, são 700 famílias que recebem água da prefeitura.

- Em dezembro, eram 300 famílias que recebiam essa água em casa. De lá pra cá, esse número aumentou bastante. Já são mais de 2 mil pessoas que dependem exclusivamente da água potável que vem dos caminhões - destaca. 

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Lemos explica que, com o agravamento da estiagem, vários poços artesianos e vertentes secaram no interior. Para tentar minimizar o problema, essas localidades também foram inseridas no trajeto feito pelos caminhões-pipas. A Defesa Civil já trabalha para que haja a abertura de mais poços artesianos para resolver o problema a longo prazo. Além disso, há a intenção de instalar uma caixa d'água que puxe diretamente a água de vertentes e rios para a casa dos moradores, onde isso for possível, e também a ligação com água da Corsan nas localidades onde há rede da concessionária. 

- É muito complicado, porque não há nenhuma perspectiva de chuva contínua em um curto período de tempo. E tudo fica pior porque vivemos uma pandemia e a principal orientação é que haja constante higienização com água e sabão. Mas como vai fazer isso se falta água?

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Rio Vacacaí no Passo do Verde em Santa Maria

CORSAN GARANTE QUE NÃO VAI FALTAR ÁGUA 
Durante todo o mês de março, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Santa Maria registrou 32 milímetros de chuva, o que corresponde apenas a 25% da média histórica do mês, que é 127 milímetros. No mês de fevereiro, foram apenas 56,6mm. 

Com isso, o nível das barragens da Corsan que abastecem a cidade diminuíram bastante. O superintendente regional da concessionária, José Roberto Epstein, no entanto, garante que não deve faltar água no município. 

- Estamos monitorando diariamente as barragens, que estão cada dia com níveis menores. Mas, ainda assim, estamos preparados para esse período de estiagem prolongada. Por enquanto, ainda não falamos na hipótese de desabastecimento ou racionamento, mesmo sabendo que as previsões para abril são péssimas - pondera Epstein.

Santa Maria é abastecida por três barragens. A maior delas, a Rodolfo Costa e Silva (que fica em Val de Serra, interior de Júlio de Castilhos), tem 28 metros de altura e está cerca de 4,5 abaixo no nível normal - Epstein estima que, por dia, haja uma redução de cerca de 14 cm. Já a barragem do DNOS está cerca de 2,6 metros abaixo do nível. 

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Ainda assim, mesmo sem falar em racionamento, a recomendação é que se faça uso consciente da água.

- A projeção que fazemos é de que o consumo se mantenha como está. Se a população começar a gastar desenfreadamente, aí sim pode ser que tenhamos que enfrentar esse problema, ainda mais agora que as pessoas estão ficando mais em casa - analisa.

Segundo a meteorologista Gabriela Goulart, da Somar, há previsão de cerca de 40 milímetros de chuva para a quinta-feira, com chances de temporal. Mas, já a partir de sexta, uma massa de ar seco se aproxima e afasta novamente a chuva. Antes da segunda quinzena de abril não há previsão de chuva prolongada, que dure mais de um dia, na Região Central. 

Veja como está a situação da seca em rios da região:

ROSÁRIO DO SUL
A Praia das Areias Brancas é um ponto turístico muito conhecido na região durante o verão. O local, banhado pelo Rio Santa Maria, atrai muitos veranistas, só que, desde dezembro, a seca tem deixado o nível do rio bem abaixo do normal e aumentado a faixa de areia. 

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Foto: Júlio Lemos (Gazeta de Rosário)
Rio Santa Maria em Rosário do Sul

Com isso, o balneário recebeu também alguns visitantes indesejados: as palometas, que atacaram mais de 100 banhistas antes que a prefeitura instalasse uma rede para contê-las. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a presença dos peixes carnívoros é acentuada pela estiagem.

Além do Rio Santa Maria, Rosário do Sul também é cortada pelo Rio Ibicuí da Armada, que também está baixo. De acordo com o chefe municipal da Defesa Civil, Iran Najar, apesar disso, a cidade não encontra dificuldades de abastecimento de água, mas, se não chover, a realidade pode mudar em algumas semanas.

- O abastecimento, hoje, está sob controle. Mas levamos água em caminhão-pipa para algumas localidade do interior, como Rincão da Chirca e Sanga Seca - destaca. 

SÃO GABRIEL
Em São Gabriel, já há preocupação sobre o abastecimento de água. O coordenador da Defesa Civil, Ricardo Júnior, explica que o nível normal da barragem VAC 4, a maior do município, localizada no distrito de Vacacaí, é de 3 metros. Nesta terça-feira, o nível da água era de apenas 34 centímetros.

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Fotos: Prefeitura de São Gabriel
Rio Vacacaí não chega ao início da régua de medição nesta estiagem (à esquerda), rio em época de cheia quase chega até a ponte (à direita)

- Para se ter uma ideia, quanto chega a 1 metro a situação já é considerada muito crítica. Agora, é muito mais do que preocupante. Além disso, há pessoas que puxam água do rio para irrigação. Vamos pedir pra que as pessoas parem com isso, ou, então, teremos que acionar o Ministério Público - afirma.

São Gabriel foi um dos primeiros municípios do Estado a assinarem o decreto de emergência, em 9 de janeiro. Desde então, conforme o coordenador da Defesa Civil, a situação só piorou. Em parceria com a São Gabriel Saneamento e o Exército Brasileiro, a prefeitura garante o abastecimento de água nas comunidades do interior do município. São mais de 300 famílias atendidas nas localidades de Caiboaté, Itaiguaçu, Faxinal, Timbaúva e Rincão de Santa Catarina.

O Rio Vacacaí, que em época de cheia quase chega à altura da ponte onde é feita a medição, agora não alcança nem a altura da régua.

RESTINGA SÊCA

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Foto: Carolina Brum Corrêa (Prefeitura de Restinga Sêca)
Rio Vacacaí no Balneário das Tunas em Restinga Sêca

Tanto o Rio Vacacaí quanto o Vacacaí Mirim que passam pelo município estão com baixo volume de água. No Vacacaí, na região do Balneário das Tunas, já é possível ver várias pedras que antes ficam cobertas pela água. O chefe municipal da Defesa Civil, Mauro da Costa, afirma que todos os dias são distribuídos 40 mil litros de água potável por caminhões no interior. Além disso, são abertos bebedouros para animais.

JAGUARI

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Foto: Felipe Domingos (Divulgação)
Rio Jaguari

Cerca de 35 famílias recebem água em caminhões-pipa no interior de Jaguari todas as semanas, já que vários poços artesianos secaram. As comunidades mais afetadas, segundo o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Alexandre Nadalon, são Rincão dos Pivetas, São Xavier, Linha Seis e Linha Onze. Quanto ao abastecimento de água na área urbana, conforme o secretário, ainda não há motivo para preocupação. O Rio Jaguari, que corta o município, está com o nível abaixo do normal desde janeiro. 

MATA

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Foto: João Batista Malgarin Righi (Arquivo Pessoal)
Rio Toropi na cidade de Mata

Nas últimas semanas, um grupo de barqueiros percorreu um trajeto de 2 quilômetros do Rio Toropi, em Mata, e se deparou com uma situação muito triste: a falta de chuva fez com que o rio secasse a ponto da turma de amigos conseguir caminhar por onde, antes, a água corria. Os registros foram feitos entre a ponte sobre o rio da BR-287 até a segunda curva do rio, entre Mata e São Pedro do Sul.

De acordo com João Batista Malgarin Righi, um dos integrantes do grupo chamado de Amigos do Rio Toropi, a turma se reúne com frequência no balneário de Mata. Por lá, o rio se transformou em um córrego.

- Nós costumamos fazer passeios onde realizamos plantios de árvores nativas ao longo das margens e também a solturas de alevinos para repovoamento de peixes de espécies. A caminhada que fizemos pelo leito seco foi com o propósito de mostrar a situação e pedir um pouco mais de cuidado por parte das pessoas - relata Righi.

*Colaborou Janaína Wille

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